Natalie Portman passou, evidentemente, por harmonização facial. Continua linda, agora com o rosto mais fino, perdendo aquele jeito de bonequinha, o que faz sentido para uma mulher madura. Mas sobra pouco mais do que a beleza no seu desempenho em Segredos de um Escândalo. Ela não entrega um bom trabalho no papel de Elizabeth, uma atriz que irá viver nas telas a mulher que, num caso real nos Estados Unidos, aos 36 anos largou o marido e filhos para se casar com um garoto de 13 anos. Isso depois de ser flagrada tendo relações com ele. Se Natalie Portman está mal, por que assistir? Porque ela contracena com um monstro do cinema, a fantástica Julianne Moore.
Confira o trailer abaixo:
Aqui Julianne volta a trabalhar com o diretor Todd Haynes, nome por trás de filmes cativantes como Não Estou Lá (2007) e Carol (2015). Juntos eles fizeram o ótimo drama de tensão racial Longe do Paraíso (2002), que valeu a cada um a indicação ao Oscar.
Agora, Julianne constrói um personagem enigmático na figura de Gracie, hoje perto dos 60 anos e, aparentemente, feliz com a escolha de 20 anos atrás, quando foi viver com o adolescente Joe, com quem ele cria hoje três filhos. Ao ceder os direitos de sua história para um filme, ela não imaginava que a atriz escalada pediria para passar uns dias com ela para pesquisar sobre a personagem. Gracie odeia a situação, mas acolhe a visita com educação e paciência. Sem conseguir muita coisa com Gracie ou Joe, Elizabeth percorre a pequena cidade californiana na qual eles vivem, e onde o escândalo veio à tona, e conversa com muitos envolvidos.
Se Natalie Portman parece uma atriz numa peça de escola, sem acertar a mão no papel, Julianne faz o espectador grudar na tela. A cada nova revelação da história, Gracie ganha mais uma camada de mistério. Quem assiste ao filme passa o tempo todo querendo saber se a tranquilidade aparente de Gracie com tudo o que aconteceu é mesmo real. E a conclusão do filme, como quase sempre na obra de Todd Haynes, é inesperada, pode agradar ou não. Por Julianne Moore, Segredos de um Escândalo se torna obrigatório.
Por Thales de Menezes